Olá, Ulisses da Motta Costa aqui de novo.
Referências são elementos essenciais na realização de um filme. Eles ajudam na concepção narrativa, visual, sonora e de atuação. Elenco e equipe as debatem à exaustão.
Às vezes, a referência vem de maneira subjetiva -- está interiorizada no projeto. Aconteceu com Kassandra.
Na passagem do primeiro para o segundo tratamento do roteiro, eu e o roteirista Roger Monteiro debatemos a necessidade de uma boa apresentação da protagonista, que já indicasse as suas características principais. Roger surgiu com uma boa ideia, envolvendo Kassandra e um passarinho.
No momento que eu li a nova cena, lembrei de Nosferatu (1922), clássico do terror expressionista. Não pelo filme em si, mas pela heroína, vivida por Greta Schröder. A entrada dela em cena fazia eco ao nosso roteiro.
"Que baita referência", pensei. Chamei o Roger no chat do Facebook:
Eu: Cara, gostei muito da apresentação de personagem da Kassandra. Refaz o arco da heroína do Nosferatu. Te inspirou aí ou é coincidência?
Roger: Não. Branca de Neve
Eu: Deixou a cena MELHOR AINDA.
Incrível como certas coisas vivem no nosso insconsciente cultural. Fiquei exultante com a inusitada relação que estes dois cânones do cinema têm entre si -- e que pretensão: pinçar uma linha de influência para o nosso trabalho. Adoro os dois títulos e, para todos os fins, sempre achei Branca de Neve e os Sete Anões (1938) um filme de terror. É sombrio e tenebroso -- a metamorfese da Rainha é algo horrendo.
De todo modo, é nessas horas -- em que referências surgem naturalmente -- que temos mais certeza de que estamos no caminho certo.
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