Paciente: Sexo feminino. Vinte anos.
Estresse pós-traumático. Alucinações visuais.
Avistamentos de um vulto, o "homem grande".
Cartas de tarô, de origem desconhecida.
Muda.
Mora só.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os efeitos visuais em Kassandra


A equipe de finalização de Kassandra acaba de ganhar mais um reforço. O artista de CGI Carlos Porto entrou no projeto para fazer correções e melhorias digitais, incluindo máscaras para ocultar objetos indesejados e elementos pontuais em computação gráfica.




Inicialmente, não havia efeitos visuais planejados para o filme. Tudo seria feito na frente da câmera. Porém, ao final do processo de montagem, surgiu a necessidade de se apagar alguns elementos que apareciam em cena e usar uma CGI sutil para dar mais dramaticidade às cenas. 

Carlos Porto é um velho conhecido da equipe de Kassandra. Ele dirigiu e escreveu em parceria com Ulisses da Motta Costa o curta-metragem O Gritador, onde trabalharam também os atores Leandro Lefa e Maico Silveira, além do músico Chico Pereira, do engenheiro de som Roberto Coutinho e do produtor de set Jackson Ritter. Na foto acima, Ulisses e Carlos (à direita) dirigindo o filme em São José dos Ausentes, região nordeste do Rio Grande do Sul, em 2005. 

Por sinal, O Gritador (veja aqui) foi um curta repleto de efeitos visuais e composições digitais, boa parte deles produzidas pelo próprio Carlos. Abaixo, dois vídeos de composição de cena que mostram o trabalho nas cenas do filme:

Composição de cena: Werner Schunemman, Nydia Gutiérrez e o cavalo
- Composição de cena: Leandro Lefa e as bolas de fogo

E aqui, uma foto que reproduz o passo-a-passo do primeiro vídeo:

1. A cena bruta  - 2. O recorte do fundo e a aplicação do preto-e-branco
3. Inserindo o cenário desenhado a mão - 4. Colocando o cavalo em CGI
5. Aplicando uma sela real sobre o cavalo - 6. A imagem pronta, com filtro sépia

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Entrevista: Suzana Witt, coadjuvante de luxo

Suzana Witt e o diretor Ulisses da Motta Costa se conheceram primeiramente como aluna e professor, na oficina de cinema que existe na escola em que a atriz cursou o Ensino Médio. A inclinação pelas artes, o talento e a força de vontade chamaram a atenção de Ulisses, que chamou-a para ser assistente de direção um ano depois dela sair da escola, no curta Ninho dos Pequenos. Desde então, ela tem atuado nesta função em outros trabalhos da Ampli Produtora, e foi "promovida" ao posto de atriz em Kassandra.

E de cara ela teria que fazer dois papeis: um usando apenas a voz (a mulher que telefona para Kassandra) e outro usando apenas o corpo (uma prostituta que acompanha o asqueroso vizinho que assedia a protagonista). No fim das contas, o resultado saiu um pouco diferente do imaginado. Leiam na entrevista:


Você faz um papel pequeno em Kassandra, praticamente uma coadjuvante de luxo. No entanto, você acompanhou boa parte do processo de pré-produção. Mesmo não aparecendo tanto no filme, ainda assim é importante acompanhar o seu desenvolvimento?

Suzana: "Coadjuvante de luxo" é ótimo! Hahaha. Eu concordo com essa denominação, porque acho que é bem isso... A figura da prostituta aparece pra incrementar a personagem do vizinho que o Leandro Lefa faz.  A prostituta e a regata suja de café são, na minha opinião, essenciais para o vizinho! 

Sobre acompanhar a pré-produção, sim; Para mim, especialmente no caso de Kassandra, foi importante acompanhar a equipe antes das gravações. Digo isso porque, além dos encontros facilitarem o entendimento de todo o roteiro -- que acredito que toda a equipe tenha que ter, independentemente de cargo que desempenhe na produção --, pude também conhecer o pessoal "novo" da equipe e sentir como seria estar do outro lado das câmeras, sendo gravada por gente que eu já conhecia. Por já ter trabalhado com vários dos integrantes da equipe de Kassandra anteriormente, porém fazendo assistência de direção, estava curiosa para ver como seria estar atuando em um dos "nossos" -- dá pra chamar de nossos? -- filmes. Ver todo mundo antes e estar com os outros atores tornou a coisa toda mais confortável. 

Entre a equipe, havia ex-colegas suas de escola: as figurinistas Isabela Boessio e Giulia De Cesero e a continuísta Marina Cardozo. Como é este reecontro num outro universo? O que muda?

Suzana: O reencontro é muito bom. A Isa e a Giulia eu não via fazia quase um ano, porque elas tinham ido pra Inglaterra fazer intercâmbio e eu ainda não tinha visto elas na volta. Mas tudo é muito diferente! Acho que por mais fatores do que apenas o ambiente e as funções que a gente tava desempenhando, mas com certeza esse é um dos motivos.

A Marina, que não era minha colega na escola, foi das três gurias a que eu mais vi depois de me formar, na verdade! Porque a gente se viu muito no Clarice/Tom, que fizemos no ano anterior*. Acho que a gente inclusive conversa mais agora do que na época da escola, porque estamos sempre nas tuas produções. Descobri várias identificações com a Marina depois dos trabalhos que fizemos juntas! Talvez a gente já tivesse todas essas coisas em comum na época da escola, mas aí cada uma tinha "sua turma", literalmente, sabe? O que eu acho mais legal da Marina é que o riso dela tem a capacidade de me deixar muito a vontade!

Ver a Isa e a Giulia também foi muito bacana; as gurias tão muito profissionais. Elas sempre foram as gurias mais estilosas da turma na escola, e o gosto por moda virou mesmo profissão. Aí, ao mesmo tempo, foi engraçado... a Isa é minha amiga de infância e adolescência, e as duas eram minhas amigas e companheiras de festas no ensino médio! Durante as gravações, a gente conseguiu conversar um pouco, mas no geral estávamos desempenhando -- lindamente, diga-se de passagem -- nossos papéis (risos). As relações são mais distantes do que nas festas e nas brincadeiras de Barbie, por exemplo... mas ao mesmo tempo o carinho continua, e dá pra sentir isso. No geral, acho que rever as gurias nas gravações fez com que eu me sentisse a vontade... e feliz.

Você inicialmente apareceria como a prostituta, que não teria falas, e gravaria os diálogos de uma pessoa que fala com Kassandra pelo telefone. Porém, você e Leandro Lefa acabaram improvisando diálogos na cena com a prostituta e outra atriz teve que gravar a voz no telefone. Conte como surgiu o improviso e como aconteceu esta substituição.

Suzana: Eu conheci o Lefa no dia da gravação, se não me engano. Se não tô louca, ele já me conheceu vestida com o figurino da prosti, até porque lembro que depois da gravação coloquei minha roupa mesmo, tirei a maquiagem e aí ele disse "Nossa, é muito diferente" (risos). Mesmo assim, a improvisação não teve muito mistério: quando o diretor nos pediu para improvisar, disse "combinem o preço de alguma coisa, algo assim"; foi o que a gente fez, e revendo a cena agora acho que deu super certo!

Com isso de a prostituta ter falas, achamos melhor que outra pessoa fizesse a a voz do telefone. A convidada para esse papel foi a Ingrid  Bonini. Com a Ingrid nós gravamos outro curta, o Luz Natural, em novembro do ano passado. Acho que é uma boa ela ter feito a voz do telefone por dois motivos: primeiro, não confundir com a minha voz (a dela é bem diferente da minha!); segundo, porque pelo que conhecemos da voz dela em Luz Natural, acho que ela vai conseguir dar um tom grave e pesado ao que é dito no telefone, o que vai ficar beeeem legal.

*Piloto de web série desenvolvido pela mesma equipe de Kassandra

domingo, 20 de janeiro de 2013

A voz que faltava em Kassandra

Kassandra recebeu nesta semana um reforço no elenco. É a atriz Ingrid Bonini, que foi chamada para fazer a misteriosa voz que fala com a protagonista por telefone -- ou, como se descreve no roteiro, a Voz ao Telefone. 

Ingrid Bonini contracena com o filme já montado
Inicialmente, quem faria esta voz seria Suzana Witt, que também faz o papel da prostituta que aparece rapidamente no filme. Incialmente, este acúmulo de funções era possível porque o roteiro planejava apenas uma fala para a garota de programa. Contudo, durante as filmagens Suzana improvisou alguns diálogos que permaneceram na montagem -- e, atualmente, a equipe de som formada por Roberto Coutinho e Leandro Lefa achou que a mesma voz em dois personagens poderia soar estranho, por mais que a atriz fizesse entonações diferentes.

Com a aprovação da própria Suzana, o diretor Ulisses da Motta Costa convidou Ingrid para então emprestar seu timbre grave e sedoso ao filme. Eles trabalharam recentemente no curta experimental Luz Natural, que será finalizado após o término de Kassandra. Junto com o terapeuta, interpretado por Maico Silveira, a Voz ao Telefone é o único personagem com falas em destaque na narrativa, o que representava um desafio a mais para a atriz: criar um interpretaçao vocal de um dia para o outro, e sem contracenar com ninguém a não ser com as imagens já filmadas há um ano atrás. 

A gravação foi feita num estúdio improvisado pelo engenheiro de som Roberto Coutinho dentro do próprio apartamento onde Kassandra foi rodado. Por mais que o resto do elenco não estivesse junto, manteve-se a tradição de levar todos os atores para dentro da casa da nossa heroína. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Camisetas para Kassandra

Galera que lê o blog, essa aqui é para quem ajudou no crowdfunding de Kassandra!

Este é o modelo da camiseta oficial do curta, que será distribuído não só para elenco e equipe, mas também para quem ajudou no finaciamento coletivo com valores acima de R$ 120,00. O design da camiseta é do publicitário Daniel Coutinho. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Finalizando Kassandra

Terminar um filme é sempre um processo delicado -- normalmente mais demorado que o desejado e que precisa ser trabalhado em várias frentes simultâneas. Com Kassandra não é diferente, claro. E damos um tempo nas entrevistas com elenco e equipe para falar um pouco sobre o atual estágio de desenvolvimento do nosso filme:

Montagem: Os cortes do filme foram feitos pelo premiado e requisitado Alfredo Barros. Por conta de seu envolvimento na campanha eleitoral em Porto Alegre, ele só pôde se dedicar à edição a partir de outubro. Em encontros semanais com o diretor Ulisses da Motta Costa, Alfredo encerrou a montagem no dia 18 de dezembro de 2012 (na foto abaixo, os dois após o término dos trabalhos).

Ulisses da Motta Costa (esq) e Alfredo Barros terminando a montagem

O filme foi majoritariamente montado na ilha de edição da Atama Filmes, em Porto Alegre. No total, Kassandra teve sete cortes (são oito, na verdade, mas o último tem de diferente apenas tempo a mais para os créditos). O principal desafio era dar ritmo ao vasto material filmado (cerca de 150 planos diferentes), de forma que funcionasse em termos de drama e suspense, e fazer as adaptações necessárias na narrativa (incluindo a remoção de elementos que atravancavam o desenvolvimento e a compreensão do filme). Um dos cortes chegou a ter quase meia hora de duração; agora, Kassandra tem pouco mais de 21 minutos de duração, sem os créditos finais.

Som: Desde o início do projeto, sabia-se que o som seria um dos trabalhos mais exaustivos em Kassandra. Afinal de contas, o filme quase não tem diálogos e todos os ruídos e sons precisam ser produzidos do zero. Para a tarefa, o engenheiro de som Roberto Coutinho e Leandro Lefa (um dos atores do filme que também trabalha como foley artist) têm passado os primeiros dias de janeiro dentro do Ampli Studio, em São Leopoldo, deixando a criatividade fluir. 

A primeira etapa, a gravação dos foleys (os sons cotidianos produzidos pelos personagens, como passos, por exemplo) está quase concluída. Pode parecer fácil, mas achar o som correto para cada situação é sempre um desafio -- e os pés descalços de Kassandra (para ficar apenas nos passos) requerem sons sutilmente diferentes para cada cena. A segunda etapa, a gravação de ADRs (sigla em inglês para "substituição de diálogos", ou seja, os sons de fala e respiração dos atores) começa na semana que vem, junto com a edição de som, e envolvem todo o elenco do filme. 

Música: O compositor Chico Pereira há meses coleciona referências e grava ideias para a trilha de Kassandra. Inicialmente, ele fará demos com sons sintetizados e em arranjos simples (processo atualmente em andamento). Estas músicas preliminares serão colocadas no filme para ver quais funcionam e quais precisam ser melhoradas.

A partir daí, começa a se registrar a trilha valendo. Esta demanda começará ainda em janeiro, para estar pronta em fevereiro. As sessões serão gravadas também no Ampli Studio, em São Leopoldo. Falaremos mais detalhadamente sobre trilha sonora em posts futuros.

Finalização: Os mais novos participantes da equipe de Kassandra vêm para fazer um delicado trabalho: corrigir a luz e colocar, finalmente, a imagem do filme em preto-e-branco (os planos foram registrados em cores). A colorista Lígia Tiemi Sumi, da Galo de Briga Filmes, terá este encargo: fazer a marcação de luz do curta inteiro e, a partir daí, ressaltar os contrastes entre as áreas escuras e claras de cada take. O desafio é o mesmo que a fotografia, direção de arte e figurino tiveram que enfrentar anteriormente: pensar não em termos de cor, mas apenas em termos de luz. 

Com tudo isso pronto, o que falta? Juntar todos estes elementos. E Kassandra terá nascido.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Entrevista: Giulia de Cesero e Isabela Boessio, figurinistas

O figurino e a maquiangem de Kassandra foram feitos a quatro mãos. No caso, as mãos de duas estudantes de moda: Isabela Boessio (na foto, à esquerda) e Giulia De Cesero.

A dupla era responsável pelo visual dos personagens e tinha a missão de deixá-los marcantes, já que eles não podem ser identificados pela sua voz (quase nenhum deles fala). Além disso, outro desafio na caracterização era a ausência de cores. Confira como foi o trabalho das duas:


Isabela, comente como foi a concepção visual de cada um dos personagens do filme. Como foram feitas as escolhas das cores, das peças, o que cada figurino deveria passar? Conte como foi o processo.

Isabela: O desafio na realização do figurino foi o fato de o filme ser em preto e branco. Não precisamos pensar em combinações de diferentes cores, mas, sim, no contraste entre elas! Aconteceu, inclusive, de escolhermos uma blusa azul marinho pensando que fosse se transformar em preto, mas que acabou parecendo mais viva ainda!

Começando por Kassandra: optamos por uma camisola lisa, como se fosse de hospital, mesmo, para que ela usasse durante todo o filme. Como a personagem é apática e sua última preocupação é a roupa que veste, seu figurino deveria representar esse desleixo. Apesar disso, Kassandra tem, sim, um “teor” sexual. Ajustamos levemente a cintura e diminuímos o comprimento da camisola para que as formas de seu corpo tivessem espaço na cena. Escolhemos uma cor bem clara para contrastar com seu cabelo castanho escuro.

O terapeuta ganhou um visual mais certinho; camisas abotoadas e para dentro da calça, cinto, sapatos. Ele precisava de uma aparência limpa, clara, que passasse segurança, cuidado e preocupação para com a sua paciente.

O figurino do Homem Grande foi o mais simples de fazer! Moletom, calça e botinas, todos pretos e mal cuidados (para não usar a palavra “trapos”). Em compensação, nos focamos na maquiagem para deixá-lo bastante obscuro (pele clara contrastando com olheiras profundas, rugas marcadas...).

O vizinho de Kassandra foi, certamente, o mais divertido. Look cafajeste/bagaceiro: camisa velha, aberta e suada, cueca branca e velha, meias. Cabelo e pele oleosos para deixar a figura um pouquinho mais repugnante.

Fizemos a prostituta ser do tipo que se produz, que está com tudo em cima. Vestido tomara que caia curto, mas não obsceno, botas de cano curto e salto alto, muitos acessórios, batom vermelho (que no filme aparece como um cinza chumbo) e delineador bem marcado.

Da esq para dir: Kassandra, o terapeuta, o Homem Grande, o vizinho, a prostituta

Giulia, além de figurinistas, você e Isabela acumularm a função de maquiadoras. Como foi a concepção da maquiagem para cada personagem?

Giulia: Os makes feitos nas personagens devem agradecimentos aos Halloweens que já passei (risos)! Não que o filme tenha ligação com isso, mas o fato de ele ser preto e branco fez com trabalhássemos com tons muito claros e tons muito escuros. Optamos por um rosto bem claro, puxando para o branco, e detalhes em preto e marrom. Achávamos que seria difícil encontrarmos um make que se encaixasse com Kassandra, mas o roteiro e toda a produção estava bem clara e definida que todo mundo conseguiu entrar no clima e tudo fechou perfeitamente.

Vocês estudam moda, mas elaborar um figurino, especialmente para um filme sem cores, deve ser bastante diferente de criar looks para o "mundo real", por assim dizer. Qual a dificuldade de transitar da moda para o figurino de um filme?

Isabela: Na vida real, nem sempre temos um estilo super definido e limitado. Conforme o nosso humor, a ocasião, as nossas vontades, escolhemos vestir cores e tipos diferentes de roupa. Todas essas oscilações representam o que somos e o que queremos transmitir aos outros, certo? Trabalhando com o figurino de uma personagem, as características desta devem estar muito bem definidas para que o espectador capte a mensagem correta. Se houver muita variação, a mensagem pode se tornar confusa. Além disso, um figurino que segue fiel ao que precisa representar no decorrer das cenas fortalece os papéis do filme e facilita uma identificação por parte do espectador com as personagens. No caso de Kassandra, não tivemos o recurso "cor" para agregar significado às roupas, portanto a responsabilidade caiu toda em cima das modelagens, acessórios, detalhes, estilos das peças e maquiagem. E na atuação dos nossos talentosos atores, claro!

Qual a importância para estudantes de moda participarem de uma produção audiovisual trabalhando no figurino?

Giulia: É uma experiência incrível, pois muito se aprende sobre isso na prática. Há muitos "não faça" quando o assunto é filmar roupas, como, por exemplo, não use listras muito próximas, mas cada caso é um caso. No caso de Kassandra, envolvia todo um tema, toda uma atmosfera que eu nunca tinha pensado antes, foi um desafio achar os figurinos certos para cada personagem, um desafio bem bom!