Suzana Witt e o diretor Ulisses da Motta Costa se conheceram primeiramente como aluna e professor, na oficina de cinema que existe na escola em que a atriz cursou o Ensino Médio. A inclinação pelas artes, o talento e a força de vontade chamaram a atenção de Ulisses, que chamou-a para ser assistente de direção um ano depois dela sair da escola, no curta Ninho dos Pequenos. Desde então, ela tem atuado nesta função em outros trabalhos da Ampli Produtora, e foi "promovida" ao posto de atriz em Kassandra.
E de cara ela teria que fazer dois papeis: um usando apenas a voz (a mulher que telefona para Kassandra) e outro usando apenas o corpo (uma prostituta que acompanha o asqueroso vizinho que assedia a protagonista). No fim das contas, o resultado saiu um pouco diferente do imaginado. Leiam na entrevista:
Você faz um papel pequeno em Kassandra, praticamente uma coadjuvante de luxo.
No entanto, você acompanhou boa parte do processo de pré-produção. Mesmo não
aparecendo tanto no filme, ainda assim é importante acompanhar o seu
desenvolvimento?
Suzana: "Coadjuvante de luxo" é ótimo! Hahaha. Eu concordo com essa denominação, porque acho que é bem isso... A figura da prostituta aparece pra incrementar a personagem do vizinho que o Leandro Lefa faz. A prostituta e a regata suja de café são, na minha opinião, essenciais para o vizinho!
Sobre acompanhar a pré-produção, sim; Para mim, especialmente no
caso de Kassandra, foi importante acompanhar a equipe antes das gravações. Digo
isso porque, além dos encontros facilitarem o entendimento de todo o
roteiro -- que acredito que toda a equipe tenha que ter, independentemente de
cargo que desempenhe na produção --, pude também conhecer o pessoal
"novo" da equipe e sentir como seria estar do outro lado das câmeras,
sendo gravada por gente que eu já conhecia. Por já ter trabalhado com vários
dos integrantes da equipe de Kassandra anteriormente, porém fazendo assistência
de direção, estava curiosa para ver como seria estar atuando em um dos
"nossos" -- dá pra chamar de nossos? -- filmes. Ver todo mundo antes e
estar com os outros atores tornou a coisa toda mais confortável.
Entre a equipe, havia ex-colegas suas de escola: as
figurinistas Isabela Boessio e Giulia De Cesero e a continuísta Marina Cardozo.
Como é este reecontro num outro universo? O que muda?
Suzana: O reencontro é muito bom. A Isa e a Giulia eu não via fazia quase um ano, porque elas tinham ido pra Inglaterra fazer intercâmbio e eu ainda não tinha visto elas na volta. Mas tudo é muito diferente! Acho que por mais fatores do que apenas o ambiente e as funções que a gente tava desempenhando, mas com certeza esse é um dos motivos.
A Marina, que não era minha colega na escola, foi das três
gurias a que eu mais vi depois de me formar, na verdade! Porque a gente se viu
muito no Clarice/Tom, que fizemos no ano anterior*. Acho
que a gente inclusive conversa mais agora do que na época da escola, porque
estamos sempre nas tuas produções. Descobri várias identificações com a Marina
depois dos trabalhos que fizemos juntas! Talvez a gente já tivesse todas essas
coisas em comum na época da escola, mas aí cada uma tinha "sua
turma", literalmente, sabe? O que eu acho mais legal da Marina é que o
riso dela tem a capacidade de me deixar muito a vontade!
Ver a Isa e a Giulia também foi muito bacana; as gurias tão
muito profissionais. Elas sempre foram as gurias mais estilosas da turma na escola,
e o gosto por moda virou mesmo profissão. Aí, ao mesmo tempo, foi engraçado...
a Isa é minha amiga de infância e adolescência, e as duas eram minhas amigas e
companheiras de festas no ensino médio! Durante as gravações, a gente conseguiu
conversar um pouco, mas no geral estávamos desempenhando -- lindamente, diga-se
de passagem -- nossos papéis (risos). As relações são mais distantes do que nas
festas e nas brincadeiras de Barbie, por exemplo... mas ao mesmo tempo o
carinho continua, e dá pra sentir isso. No geral, acho que rever as gurias nas gravações fez com que eu me sentisse a
vontade... e feliz.
Você inicialmente apareceria como a prostituta, que não
teria falas, e gravaria os diálogos de uma pessoa que fala com Kassandra pelo
telefone. Porém, você e Leandro Lefa acabaram improvisando diálogos na cena com
a prostituta e outra atriz teve que gravar a voz no telefone. Conte como surgiu
o improviso e como aconteceu esta substituição.
Suzana: Eu conheci o Lefa no dia da gravação, se não me engano. Se não
tô louca, ele já me conheceu vestida com o figurino da prosti, até porque
lembro que depois da gravação coloquei minha roupa mesmo, tirei a maquiagem e
aí ele disse "Nossa, é muito diferente" (risos). Mesmo assim, a improvisação
não teve muito mistério: quando o diretor nos pediu para improvisar, disse
"combinem o preço de alguma coisa, algo assim"; foi o que a gente
fez, e revendo a cena agora acho que deu super certo!
Com isso de a prostituta ter falas, achamos melhor que outra
pessoa fizesse a a voz do telefone. A convidada para esse papel foi a Ingrid Bonini. Com a Ingrid nós gravamos outro curta, o Luz Natural, em novembro do
ano passado. Acho que é uma boa ela ter feito a voz do telefone por dois
motivos: primeiro, não confundir com a minha voz (a dela é bem diferente da
minha!); segundo, porque pelo que conhecemos da voz dela em Luz Natural, acho
que ela vai conseguir dar um tom grave e pesado ao que é dito no telefone, o
que vai ficar beeeem legal.
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