Paciente: Sexo feminino. Vinte anos.
Estresse pós-traumático. Alucinações visuais.
Avistamentos de um vulto, o "homem grande".
Cartas de tarô, de origem desconhecida.
Muda.
Mora só.

domingo, 18 de agosto de 2013

Impressões da crítica sobre Kassandra

Graças a participação na Mostra Gaúcha do Festival de Gramado, Kassandra também está recebendo seus primeiros reviews de críticos de cinema. Por enquanto, as impressões têm sido muito positivas!

Segue o que disseram alguns profissionais em textos publicados em portais de cinema (grifos nossos): 


Júlia Manzano, do Fila K: "Kassandra flerta com o terror psicológico. Tecnicamente impecável e filmado em preto e branco, a história da muda Kassandra é um mistério. Mora sozinha e precisa de psiquiatras por motivos que ninguém conhece. Ela vê uma entidade: o Homem Grande, que teme, mas parece te-la acompanhado durante a sua vida toda. Ao mesmo tempo em que ela é inocente e infantil, usa uma camisola que ocasionalmente mostra seus ombros e suas pernas, despertando o interesse do vizinho ao lado. A sexualidade de Kassandra não é reprimida, mas é apagada. Não é algo que faça parte de sua vivência cotidiana, transparecendo de uma forma sutil.

O curta de Ulisses da Motta Costa é um lindo exemplar do gênero, com uma arte bastante caprichada e longos planos que mostram a vulnerabilidade de Kassandra ao mesmo tempo que deixam sua solidão aflorar, e fazem merecido o prêmio de melhor fotografia". 


Renato Cabral, do Papo de Cinema: "Encerrando esse primeiro dia, o curta de São Leopoldo, Kassandra, nos coloca frente à sua personagem-título. Uma garota com problemas psiquiátricos que tem de lidar com os seus traumas do passado. Muito bem aprofundado, montado e com referências bem diluídas (lembrando até mesmo Repulsa ao Sexo, 1965, de Roman Polanski, em alguns momentos). Como saldo, o primeiro dia da mostra competitiva de curtas gaúchos nos dá uma prévia da pluralidade do que é produzido em nosso estado com a descentralização definitiva de Porto Alegre como um polo cinematográfico. Agora, cidades como Pelotas, Caxias do Sul, São Leopoldo e até mesmo Capivari do Sul".

Conrado Heoli, também do Papo de Cinema"Kassandra, de Ulisses da Motta Costa, um dos mais originais e bem produzidos curtas apresentados, teve que se contentar com o troféu de melhor fotografia para Pablo Chasseraux".


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Melhor Fotografia na Mostra Gaúcha do Festival de Gramado!




Kassandra começou bem sua carreira em festivais! No domingo à noite, dia 11 de agosto, o filme ganhou Melhor Fotografia (acima) na cerimônia de entrega do Prêmio Assembleia Legislativa -- reconhecimento que recebem os melhores trabalhos da Mostra Gaúcha de Curtas-Metragens do Festival de Gramado.

O troféu foi entregue à equipe do filme que estava presente -- Pablo Chasseraux, o diretor de fotografia de Kassandra (foto abaixo, no set), não pôde estar na premiação. Mas o reconhecimento do trabalho é um ótimo início para o curta: é o primeiro festival e o primeiro prêmio.

Pablo é um requisitado diretor de fotografia de comerciais e sérias de TV (incluindo Gre-Nal é Gre-Nal e Filé de Borboleta, ambos da RBS TV). Mais sobre o trabalho dele pode ser visto aqui.



Parabéns ao Pablo pelo lindo trabalho! E também a todos os envolvidos na foto da filme: Marcelo Santos (assistente de camêra), Victor Fiúza (fotografia adicional) e Lígia Tiemi Sumi (finalização de imagem e cor). 

Precisamos fazer uma menção especial ao chefe de elétrica Jô Fontana. Um dos momentos mais belos do filme -- o abajur que lança sombras e luzes sobre as paredes da sala de Kassandra -- tem sua participação direta. De improviso, ele recortou um papelão com o mesmo padrão do abajur. Esse papelão era girado em torno de um dos refletores, produzindo um efeito belíssimo.

Quer ter uma ideia de como é a foto de Kassandra? Veja o trailer do filme aqui!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Supercut com todos os concorrentes da Mostra Gaúcha de Gramado

O vídeo que segue tem imagens de todos os 18 curtas que compõem a Mostra Gaúcha do Festival de Gramado, que acontece neste fim de semana, dias 10 e 11 de agosto, a partir das 14 horas, no Palácio dos Festivais -- com entrada franca.

Kassandra será exibido no sábado. Aproveite o fim de semana para subir a Serra e ver a nova produção cinematográfica do Rio Grande do Sul. Vai ver coisas impressionantes, das quais o vídeo dá um aperitivo...


Entrevista: Roberto Coutinho, Leandro Lefa e o som em Kassandra


Hora da dupla que fez o áudio de um filme quase mudo se manifestar. Roberto Coutinho (que também é produtor executivo) e Leandro Lefa (que também é ator) acumularam suas funções originais em Kassandra com a edição e mixagem do som.

Parece simples? Não quando 99% do filme teve seu áudio inteiramente criado em estúdio. Confira a entrevista!

Kassandra é um filme quase sem diálogos, baseado no visual. Como fica o papel do som num projeto assim? Vocês utilizaram som direto e depois recriaram elementos sonoros em estúdio? Comentem um pouco o processo do som de maneira geral.

Roberto Coutinho: No momento em que a narrativa não é conduzida pelo diálogo, o som ganha uma importância maior ainda. Cada elemento sonoro teve que ser pensado e discutido detalhadamente para ajudar o espectador no processo de imersão no universo de Kassandra. Como a protagonista transita entre o mundo real e o criado em sua mente, os sons não tem uma morfologia estanque. Alguns elementos se repetem nestes dois mundos, como objetos caindo ou portas batendo, por exemplo. Mas de uma forma onírica, estes sons se baseiam no mundo físico, sofrendo ligeiras distorções criadas pela mente. E isto os torna estranhos, desconfortáveis e até assustadores! 

Acredito que o maior desafio aqui foi recriar estes elementos sonoros com leves distorções psicoacústicas, convidando o espectador a experimentar a confusão de um desligamento parcial do mundo físico, perdendo-se entre o ambiente captado pelos sentidos e aquele criado pela imaginação.

Leandro Lefa: Como o filme não é conduzido por texto, por falas, as imagens - visuais e sonoras - assumem o primeiro plano da atenção do espectador. Com isso em mente, criamos praticamente todo o som do filme em estúdio. Como os sons são gravados individualmente (passos, respirações, cada objeto...), podemos dar a cada um deles uma característica que funcione no sentido criar o universo dos personagens. Esse objetivo ainda é potencializado pela liberdade total de mixar esses sons na proporção necessária. Assim pudemos criar momentos muito silenciosos de Kassandra, sozinha em seu grande apartamento, e momentos de sons abruptos, ríspidos, que invadem a tranquilidade da personagem - para exemplificar com um dos elementos propostos por Ulisses. Acredito que isso, a música e a montagem de vídeo fazem o filme fluir muito bem.

Leandro, você atuou e recebeu o convite para trabalhar no som depois. Você já tinha acumulado estas duas funções em outros trabalhos, certo? Qual a diferença que você vê em Kassandra em relação a estes projetos, nestas duas áreas?

Lefa: Já fiz isso outras vezes, como no longa Porto dos Mortos ou na websérie Desconectados, mas em Kassandra minha participação no som teve uma proporção maior. Eu sou artista de foley e editor de som, mas estive presente na mixagem do Roberto. Ele, claro, esteve presente em tudo no som e trabalhamos colaborando muito um com o outro o tempo todo. E acho que foi a primeira vez que atuei sem saber que ia trabalhar no som do filme.

O que vocês usaram de inusitado para criar sons no estúdio (os chamados foleys) durante a pós-produção do curta?

Lefa: Ruídos de sala ou foley (nome em inglês, em uma homenagem ao seu criador, Jack Foley), são sons gravados em estúdio e adicionados à banda sonora do filme na pós-produção. Em Kassandra, algumas das poucas falas vêm do som direto. Os demais sons são criados no estúdio.

A maioria deles é feita de maneira bem óbvia. Passos por exemplo: são passos. E o telefone tocando é um telefone tocando.

Mas alguns dos óbvios são divertidos: uma pessoa despencando em cima de um sofá, é uma pessoa despencando em cima de um sofá.

Tem alguns curiosos: o som do passarinho batendo asas na gaiola, é o som de feixes de elástico sendo agitados. Já as patas no poleiro, são baquetas do tipo vassourinha, de nylon, tocando outras baquetas, convencionais. 

Mas com certeza o mais engraçado é o som da brisa que entra pela porta do apartamento: somos eu e o Chico Pereira, compositor da trilha musical, fazendo um “dueto vocal” de som de vento. A execução é no mínimo cômica, mas embora seja usado com muita sutileza, o resultado é muito eficiente. 

Roberto, você também trabalhou com Chico Pereira na trilha sonora. Qual a importância de ter feito essa ponte direta entre o trabalho do som e o da música?

Roberto: É sempre muito prazeroso trabalhar com o Chico na trilha sonora. Ele consegue fazer a leitura dos conceitos no filme e criar um universo musical que complementa muito bem a narrativa. Uma qualidade que vejo em sua composição é que ele não fica na região de conforto do instrumento que domina, no caso a guitarra, ou dos estilos musicais que conhece mais profundamente. A cada novo trabalho, começamos fazendo uma pesquisa de instrumentos, timbres e estilos mais adequados. Depois, o Chico compõe os temas e então trabalhamos em cima disto para criar a música. 

Explique para nós o que é music sound design.

Music sound design é um termo contemporâneo que descende de um conceito antigo. A ideia básica do sound design é criar ou "desenhar" sonoridades novas através sons criados eletronicamente ou utilizando objetos reais de forma não convencional. Isto sempre foi muito explorado no cinema, principalmente em filmes de ficção científica, onde se inventa um som que não existe, como de uma arma laser ou um disco voador, por exemplo. 

Nos últimos anos, com a onipresença da tecnologia digital na produção musical, o conceito de sound design se ampliou e entranhou-se na música também. O uso de instrumentos eletrônicos nos anos 60 e 70 evoluiu para a música contemporânea, permitindo utilizar todo e qualquer som, produzido pelo mais diferente processo imaginável e amparado pela tecnologia digital. Estes timbres são "desenhados" a partir de elementos diversos, como sintetizadores ou sons orgânicos manipulados. Music Sound Design é o nome dado a este trabalho de criar timbres e efeitos sonoros para utilização como matéria-prima em uma composição musical.