Paciente: Sexo feminino. Vinte anos.
Estresse pós-traumático. Alucinações visuais.
Avistamentos de um vulto, o "homem grande".
Cartas de tarô, de origem desconhecida.
Muda.
Mora só.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando três ideias se mesclam

Aqui Ulisses da Motta Costa, diretor do curta Kassandra falando.

Um filme é como um filho com vários pais e mães. Um destes genitores precisa produzir o zigoto original, por assim dizer; ter a chama primeira que começa o projeto. Neste caso específico, esta culpa cabe a mim.

Kassandra surgiu na minha mente durante o inverno, num período de chuvas, em que eu tirava uns dias de folga. Foi quando três ideias diferentes e de longa data, sem nenhuma relação uma com a outra, se misturaram num amálgama surpreendente. Eram as seguintes:

1 - Sempre quis fazer um filme cuja narrativa se fundamentasse no visual. Um filme que tivesse poucas falas. Sempre fui fã do cinema mudo, mas os curtas anteriores que eu dirigi eram um tanto o quanto verborrágicos. Daí que eu achava que o melhor personagem para este tipo de narrativa seria alguém que não pudesse falar.

2 - Por outro lado, sempre quis fazer um filme em preto-e-branco. Brincar com os contrastes, com a luz num estado primitivo onde só há claros e escuros, não cores e tonalidades.

3 - Por fim, a terceira ideia nasceu numa conversa com o compositor de trilhas Chico Pereira. Falávamos o quão difícil era ouvir um música para filmes de terror que não fosse clichê. Meio que resolvemos: um dia, faríamos uma fita do gênero e buscaríamos uma trilha que soasse diferente do que estávamos acostumados a ouvir.

Estas três faíscas, então, foram lascadas juntas certa noite (provavelmente temperadas pela leitura do momento, Nas Montanha da Loucura, do Lovecraft). Como três criaturas meio disformes, elas se uniram de maneira indissociável. Desta geleia primordial começou a brotar ideias -- uma personagem, seu nome, seu cenário, cartas de tarô, bolinhas de yin-yang, fotos de família, quartos vazios, um vulto assustador, uma banheira de sangue.

Enfim, a confusão criativa tomou ordem quando surgiu o rosto da artiz Renata Stein na silhueta de Kassandra. Foi a primeira convidada para o projeto. E ela me disse, assertiva: "eu topo fazer, mas o filme vai ter que sair".

Seu pedido é uma ordem. E, por este blog, vamos contar como anda esta produção.

Sejam bem-vindos.

2 comentários:

  1. Sabe que eu não tinha ideia que havia inspirado de alguma forma o projeto? Me deixa ainda mais empolgado por participar... hehehe!

    E lá vamos nóoooooosssss!

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  2. Chico Pereira importa para este projeto. :)

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