Paciente: Sexo feminino. Vinte anos.
Estresse pós-traumático. Alucinações visuais.
Avistamentos de um vulto, o "homem grande".
Cartas de tarô, de origem desconhecida.
Muda.
Mora só.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Primeiras impressões sobre Kassandra

Por enquanto, apenas equipe e elenco e alguns poucos convidados puderam ver Kassandra totalmente finalizado. Por enquanto, ele tem que permanecer inédito por conta das regras de seleção dos festivais de cinema.

Mas as poucas pessoas "de fora" que viram o filme fizeram vários comentários que nos deixaram esperançosos de que o nosso curta seja bem recebido pelo público em geral. Seguem abaixo algumas das impressões publicados Facebook afora na última semana:

Rogério Rodrigues, cineasta, diretor de 1 Pedido Incom1 (em captação): "Poderia falar muitas coisas, mas prefiro resumir: só me mexi na cadeira para pensar: 'já terminou?'. Sem dúvida um maravilhoso trabalho, onde a atriz Renata Stein parece conduzir o público pela mão".

Thaís Lima, publicitária e produtora artística: "E gente: PARABÉNS!!!! Trabalho maravilhoso!!!!!!!! Desde o primeiro, acho os curtas ótimos e por isso fico extremamente surpresa por perceber sempre um crescimento de vocês em cada produção! Muitos sentimentos misturados nesse filme: agonia, frio na espinha, ansiedade, nervosismo, expectativa!!!! Adorei! Adorei! Adorei!".

Henrique Abel, advogado e fãzaço de filmes de terror:  "Em tempo: o filme é excelente e me deixou muito entusiasmado. Acho que a recepção será imensamente positiva e, especialmente para os fãs de suspense e terror, o curta passa a ser simplesmente obrigatório a partir do momento em que for lançado. Eu já esperava que o filme fosse bom, mas o resultado superou as minhas melhores expectativas. 

Agradeço imensamente ao Ulisses por ter me dado essa maravilhosa colher de chá e pela oportunidade de ter meu nome nos agradecimentos de uma obra dessa qualidade."


Davi de Oliveira Pinheiro, cineasta, diretor de Porto dos Mortos: "2013 já garante um belo exemplar para a filmografia do Rio Grande do Sul. Chama-se Kassandra, de Ulisses Da Motta Costa.

Normalmente, odeio esse tipo de comparação porque é injusta ou incorreta, mas enquanto alguns tentam emular estilos, Ulisses faz parecer que o Roman Polansky dos anos 1960 pousou em São Leopoldo para fazer um filme. É um recorte (in)perfeito do estilo de Polansky, completamente diferente de O Gritador, que revela o Ulisses como um dos diretores mais versáteis do nosso pedaço de chão.

O filme flui com trama precisa e uma narrativa clara, sem firulas estilísticas, com foco nas ações e atuações dos atores. A montagem do Alfredo Barros é meu trabalho favorito dele até o momento, de uma fluidez que torna os mais de vinte minutos de projeção um breve suspiro, sem perder a densidade. 

Sobre atores, vale destacar a Renata Stein cuja inconstância contribui para o clima tenso que o Ulisses propõe.

Sou péssimo para elogiar filmes alheios, porque, como todo cineasta gaúcho, sou invejoso e no fim quero que o outro se dê mal, mas acho que "Kassandra" é dos filmes do Sul do Brasil que vão brilhar em 2013/2014".


quarta-feira, 20 de março de 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

Entrevista: Chico Pereira, compositor

Chico Pereira (à esquerda) gravando a música do filme junto com o engenheiro de som Roberto Coutinho (direita)



Versatilidade é uma das marcas mais visíveis (audíveis?) de Chico Pereira como músico. Ele compõe trilhas sonoras com a mesma facilidade com que faz solos de guitarra ou comanda uma mesa de gravação. 

Compositor, músico e produtor musical, em Kassandra ele teve um árduo trabalho, já que a sica começou a ser discutida antes mesmo da primeira versão do roteiro estar pronta. Confira como foi feita a música do curta:

Uma das ideias mais primordiais de Kassandra foi que a trilha sonora fosse diferente, não caindo nos clichês do cinema de suspense e de horror. Como se faz uma trilha assim, sem se apegar aos cânones da música para filmes? 

Chico: Difícil. É muito tentador, não? Tem tanta música boa e bem feita para filmes deste gênero. Me peguei inúmeras vezes, enquanto compunha para Kassandra, homenageando sem querer meus compositores favoritos. É complicado compor para suspense e horror e não "roubar" alguma coisa de Bernard Herrmann, por exemplo. Caras como ele compuseram cânones por algum motivo. E este motivo é que estes compositores são, muitas vezes, a bússola do diretor e do espectador. Este certo poder do compositor de música para filmes é fascinante, ao mesmo tempo em que pode ser uma imensa e assustadora responsabilidade. 

Em certas fases do meu trabalho em Kassandra, precisei me afastar do trabalho por um ou dois dias e "limpar" minha percepção auditiva. Acho que isto me ajudou a chegar no que, acredito, não seja um resultado clichê. Não se trata de escutar e estudar os cânones com atenção e fazer tudo ao contrário. Se trata, sim, de tentar colocar alguns tipos de ideia em diferentes contextos: um timbre diferente, uma linha melodica inesperada, uma pausa onde se esperaria uma percussão.


Por sinal, o filme tem vários planos concebidos desde o início para que a música fosse o destaque. Como você vê a função da música nestes momentos? Como é a relação entre diretor / compositor para chegar a um bom resultado neste tipo de trabalho?

Chico: A música em um filme, mesmo quando está em destaque, está trabalhando para o filme. Isso é a primeira coisa que me vem na cabeça, mesmo que o diretor oriente que o seu trabalho seja o protagonista naquele momento. No caso de Kassandra, o que me fascinou foi a oportunidade de a música ser, literalmente, a voz de uma personagem que não consegue falar. Por isso, tive um cuidado extra ao compor temas e melodias, especialmente para a personagem principal. Como representar uma personagem tão cheia de camadas, tão dúbia? Me ative muito a este tipo de questão.

O papel do diretor em relação ao compositor em um trabalho assim é de um parceria pouco comum. O compositor não conseguiria fazer - falo por mim, principalmente - um trabalho tão focado se o diretor não estivesse quase compondo junto a música do filme. É um trabalho exaustivo, exige muito do psicológico, muito mais do que das habilidades musicais propriamente ditas. O apoio e a orientação do Ulisses foram essenciais neste caso.


Antes mesmo do curta começar a ser filmado, você já estava envolvido com a produção, fazendo uma seleção de referências musicais para serem ouvidos por elenco e equipe. Além disso, você inclusive estava no set, colocando música enquanto as cenas eram filmadas. Qual a importância do seu envolvimento desde esta etapa inicial?

Chico: Sinceramente, não conheço ainda outro método de trabalho. Em todos os filmes que trabalhei, estive no set, em tempo integral na maioria das vezes. Em Kassandra, eu precisava de algo mais do que ler o roteiro e assistir ao corte final do filme. Como já disse, eram camadas demais para representar com música. Difícil captar isso sem estar lá. Agradeço ao Ulisses pela sugestão e pelo privilégio de ver a atuação assombrosa da Renata in loco.

Ao mesmo tempo, gostaria muito de ter a experiência de trabalhar em um filme sem estar no set, trabalhar com um olhar mais de fora - coisa que deve ser concretizada em breve com um projeto novo que está por vir, Luz Natural.



Mixando os 33 canais de música gravados para Kassandra


Fale um pouco do processo de composição e gravação. Como você criou a música e que programas e instrumentos foram usados nas gravações? Junto com o engenheiro de som Roberto Coutinho, você elaborou uma música experimental durante as cenas de pesadelo do filme. Vocês usaram sons de piano tocados de trás para diante, correto?


Chico: Compus em casa, tudo em MIDI. Tocava as linhas de todos os instrumentos em um controlador - para quem nao conhece, é basicamente um teclado que dispara sons de bibliotecas de timbres que estao no computador. Alguns destes timbres que usei nas minhas demos foram usados - sons sintetizados disfarçados de timbres mais orgânicos, o que era uma das minhas propostas conceituais da música, esta mistura de real e irreal.
 
Porém a maioria dos meus sons originais foram substituídos no Ampli Studio, em um trabalho de pesquisa que fiz com o Roberto Coutinho. Só existem dois elementos totalmente orgânicos na música: a voz da cantora Mariele Giovanaz e o violino de Isadora Raymundo (ambas com performances perfeitas para o que precisávamos). Mas, seguindo o conceito proposto, estes dois elementos foram transformados e processados, para que transparecessem um aspecto mais etéreo e melancólico.
 
A questão dos sons de piano é interessante. Já havíamos gravado algo parecido em outro filme, Ninho dos Pequenos, mas em contexto absolutamente diverso. Toquei diretamente nas cordas do piano de parede que fica no Ampli Studio, usando meus dedos, palheta, escova de limpeza, arco de violino e chave de fenda para tirar diferentes sons e efeitos. Quando cheguei na sala técnica, depois de gravar estes sons, o Roberto havia invertido eles e isto casou muito bem com o clima surrealista das cenas de pesadelo. Ficamos realmente assustados com o resultado alcançado.


O primeiro curta no qual você e Roberto estiveram envolvidos na música, Onírico, é de 2003, e desde então vocês trabalharam juntos em várias ocasiões, inclusive em todos os curtas dirigidos por Ulisses da Motta Costa (O Gritador, Ninho dos Pequenos e o vídeo pedagógico Cecília e a Guerra dos Farrapos). Como é esta parceria?


Chico: O Roberto e o irmão dele, Daniel, são meus amigos mais antigos. Nos conhecemos há mais de vinte anos. Tocamos em bandas juntos, gravamos juntos e ainda convivemos bastante nas horas de folga. Então, nos conhecemos muito bem, o que facilita demais o nosso trabalho. Tenho orgulho de dizer que nunca precisamos brigar para fazer alguns belos trabalhos, não só nos filmes, mas também na publicidade e em outros trabalhos musicais. Além disso, graças a este cara consigo hoje gravar minhas músicas em casa, por exemplo. A maioria do que sei da parte mais técnica na área do som e de gravações, aprendi observando ele trabalhar. E o Roberto tem a calma e a concentraçao pra captar muitas coisas que quero fazer e às vezes nao sei como.

Daí, se juntarmos o Ulisses nessa história, "os 3 patetas" complementam seus talentos e conseguimos evoluir muito juntos. Espero que a gente possa seguir sempre nestas parcerias.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Cartaz alternativo de Kassandra

Vocês já viram o cartaz oficial de Kassandra, certo? Então agora deem uma olhada na versão alternativa, que terá uso especial para festivais e mostras, junto com o oficial.

O cartaz é de Daniel Coutinho sobre arte do roteirista Roger Monteiro:




sexta-feira, 8 de março de 2013

Todas as mulheres de Kassandra



Ano passado, nós já tínhamos rendido merecidas homenagens às mulheres maravilhosas que se dedicaram intensamente à realização de Kassandra. Porém, desde então, o time feminino aumentou -- e nunca é demais lembramos do envolvimento de pessoas tão incríveis neste projeto.

Até porque este filme trata de mulheres, tem uma mulher como sua heroína e, como eu comentei nestes dois textos, há algo de intrinsecamente feminino na narrativa de terror/horror -- uma vingança sobre os verdadeiros terrores do mundo masculino? Enfim, não vem ao caso.

A primeira pessoa convidada para o curta foi uma mulher, a própria Renata Stein, protagonista do filme; as últimas também foram mulheres: as musicistas Isadora Raymundo e Mariele Giovanaz, que deram a Kassandra a voz que a personagem não tinha. Um círculo tão perfeito que parece até que pensamos nisso.

Tenho as melhores memórias de cada uma das gurias do filme. Da Renata são inúmeras, mas gosto da nossa primeira conversa, ela comendo um cheescake e dizendo para mim: "Eu vou pensar, Uli, mas na verdade eu já topei". Da Ramona Barcellos, nossa "chefa", eu lembro de pensar que não haveria ogro que não tremesse na frente daqueles olhos praticamente sem fim de tão azuis. 

Depois vieram o grupo de ex-alunas minhas, todas meninas talentosíssimas de espírito único: a Giulia De Cesero da risada incontida, a Isabela Boessio dos olhos verdes imensos, a Marina Cardozo incansável que não arredava o pé do set por motivo nenhum do mundo. Marina, aliás, que proferiu ao final da segunda diária um "Eu amo muito essa equipe", resumindo o ambiente das filmagens. E a Suzana Witt, talvez a atriz mais generosa que eu conheci, nunca dizendo não quando chamada para dar jeito em abacaxis nos nossos projetos (mesmo quando não atua).

A menos de um mês antes de começarmos a rodar, completa a equipe a infalível Ana Gusson -- que, entre formatura e a finalização do seu próprio curta, conseguiu se dedicar a Kassandra de corpo e alma (invejo essa capacidade, juro). Para as filmagens, ajuda extra da linda Cristina Salib (que aceitou fazer claquete numa diária apenas porque gosta de nós) e da minha amiga de velha data, Elena Meneghetti, que topou a proposta indecente de estrelar o "filme dentro do filme" com um desprendimento que ninguém acreditava possível.

E, nos últimos meses, uma constelação de artistas incríveis e seus instrumentos divinos: a musa Ingrid Bonini e sua voz linda; a Mariele com seu canto perfeito; a Isadora e seu violino melancólico; a Lígia Tiemi Sumi e seus inacreditáveis brinquedos tecnológicos que estão transformando a imagem de Kassandra no sonho em preto-e-branco mais lindo que eu já tive. 

Hoje, o dia não é para dar parabéns a vocês; hoje é o dia de agradecer por tudo que vocês têm feito por este filme. Sem vocês, seríamos um bando de homens perdidos, achando que sabem o que estão fazendo (e rezando para não dar nada errado).

Então... Obrigado, gurias. Cês são foda!

Ulisses da Motta Costa

Legenda da foto: No alto, da esq. para a dir: Cristina Salib (claquete), Isadora Raymundo (violino), Giulia De Cesero (figurino), Ramona Barcellos (produtora), Ana Gusson (diretora de arte), Isabela Boessio (figurino).
Embaixo, da esq. para a dir: Mariele Giovanaz (voz), Marina Cardozo (2a assistente de direção), Lígia Tiemi Sumi (finalização de imagem), Suzana Witt (atriz), Ingrid Bonini (atriz), Elena Meneghetti (estrela do "filme dentro do filme")
Ao centro: Renata Stein (atriz)

quinta-feira, 7 de março de 2013

O cartaz de Kassandra

O filme está quase pronto... Confira o cartaz oficial de Kassandra, feito por Daniel Coutinho:


domingo, 3 de março de 2013

E se Kassandra fosse em cores?

A colorista Lígia Tiemi Sumi fez uma experiência, quase sem querer, durante o processo transformação dos planos de Kassandra em preto-e-branco. Em dado momento do trabalho, o software aplicou uma correção baseada numa memória de outro trabalho. 

E o resultado, ao invés de deixar a cena em preto-e-branco, transformou suas cores em algo etéreo. Se Kassandra fosse em cores, poderia ser assim:



Mas não se preocupem: não será colorido. Porque o preto-e-branco elaborado na fotografia de Pablo Chasseraux é ainda mais belo. Aguardem, em breve colocaremos alguns stills já finalizados.