Paciente: Sexo feminino. Vinte anos.
Estresse pós-traumático. Alucinações visuais.
Avistamentos de um vulto, o "homem grande".
Cartas de tarô, de origem desconhecida.
Muda.
Mora só.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Relatos de Kassandra - IV - última diária


As impressões da intérprete de Kassandra, Renata Stein, durante as filmagens do curta. Os outros relatos podem ser lidos aqui, aqui e aqui.


Sangue, mais sangue, muito sangue e sangue. Se eu escrevesse só isso para relatar a quarta diária acredito que seria suficiente. Foi um dos dias mais grudentos que já vivi – nem o verão de janeiro me deixa assim. O sangue feito pela produção era algo como açúcar em meleca que grudava no cabelo, na roupa, no corpo (acima)... Ah, fabuloso. 

A quarta diária foi praticamente dedicada às cenas do pesadelo que infelizmente foi mudada. Ou felizmente, se eu fosse pensar na maior quantidade de sangue que seria usada para a antiga cena. Gravamos algumas partes de outras cenas para melhorar o que já tinha sido feito e dar um ritmo melhor, e nos dedicamos às cenas do pesadelo. Dessa vez o set estava bem mais vazio, já que apenas seriam as cenas de Kassandra. Apesar de algumas pessoas da produção terem quebrado alguns galhos como figurantes, não é, Chico e Marina*? Ainda bem que tinha a boneca Blá-Blá para fazer companhia para Kassandra, já que ela estava sem terapeuta, sem vizinho e sem Homem Grande. 

Falando em Kassandra especificamente, como eu estava aflita por não saber se seria capaz de saber ser Kassandra de novo, tanto tempo após as primeiras diárias! Acho que foi nesse dia mesmo que vi a primeira montagem das cenas já feitas do curta metragem. Confesso que eu achei que poderia estar muito melhor. A preocupação de voltar atuando como Kassandra que já existia ficou pior. Mas, apesar de repetir muitas vezes as cenas, pois o “ator sangue” nem sempre acertava sua marca, acredito que saiu tudo muito bem. 

Estava um dia bonito, foi um dia divertido, um ótimo almoço com maravilhosas sobremesas, poder rever o pessoal . . .  Para quê falar das gravações, não é mesmo, Renata? A comida estava boa e é o que importa. HAHAHAHA. Brincadeiras a parte, mas realmente o dia estava muito bom. Acredito que conseguimos fazer das novas ideias para o pesadelo um bom trabalho. Muito sangue, olhares macabros, participações especiais do Chico, da Marina como figurantes, da adaga, da Blá-blá. 

Peço desculpas se não relatei mais detalhes da diária. Esse dia esqueci de escrever no meu caderninho de nota e minha memória não esta ajudando com tudo. E hoje, dia 24 de agosto, que é quando eu escrevo, quase 8 meses depois das primeiras gravações de Kassandra, percebo o quanto foi bom e sinto saudades dos dias trancada dentro de um apartamento gravando o curta. E o quanto estou desejando que a finalização do curta seja feita logo para eu poder assistir.
 
Abraço. 
 
 
* Chico Pereira e Marina Cardozo, respectivamente o compositor da trilha e a segunda assistente de direção.